POR UMA VIDA
SEM DROGAS
CARTA ABERTA AOS JOVENS DO CEF 07
Bem,
creio que sei lidar melhor com as palavras quando escrevo. A fala, esta se
repete no dia a dia de sala de aula, e de tão gasta já não surte o mesmo
efeito. Cecília Meireles diz num poema que “há pessoas que nos falam/ e nem as
escutamos”. Acho que isso bem se aplica aos professores e aos pais.
Esta
é uma carta com muitos destinatários - jovens estudantes do CEF 07 - e um só
objetivo: dizer que a sua escola se preocupa muito com vocês! O VI Encontro de
Jovens do CEF 07 foi realizado a partir da constatação do SOE (sempre de olhos,
ouvidos e coração abertos) de que há muitos casos de uso de drogas entre os
nossos adolescentes. E é preciso que saibam que estamos aqui não é “pra pagá sapo não, véi!”, como bem frisou o comediante-palestrante Totó. É a nossa
responsabilidade social falando mais alto.
Não
posso, pois, deixar de registrar a presença marcante, nesse encontro, do
palestrante Washington cujo depoimento pessoal e verdadeiro silenciou a
plateia, repleta de adolescentes, e, com certeza, comoveu a muitos deles. “Eu
estou aqui hoje porque acredito em vocês. Seus professores estão aqui porque se
preocupam com vocês”, disse ele. E deu, em seguida, seu testemunho corajoso de
envolvimento com as drogas, falou também do milagre do seu renascimento, graças
à fé da sua mãe que, segundo ele, investiu o equivalente a R$ 25,00, dinheiro
da conta do telefone, num retiro da igreja dela. Não, não foi nada fácil. O que
realmente tem valor não é alcançado facilmente. Exige esforço, renúncia,
perseverança. “É preciso coragem/ Jovem, coragem!” como diz a canção.
Também
não poderia esquecer (não esqueceremos) o comediante-palestrante Totó, que
entrou em cena com seus muitos personagens, cheios de trejeitos engraçados e
falas peculiares: a Luana, que engravida num relacionamento fugaz com o inconsequente
Rabo Grosso; o Rabinho, fruto dessa relação desastrosa, que sofre as consequências
disso (abandono, más influências do meio social no qual foi jogado...); a fala
emocionada do avô de Rabinho, pai de Luana... Foi o teatro da verdade que
vivenciamos. Quanta informação numa encenação! As estatísticas de jovens mortos
só este ano (mais de 200), vítimas da violência e do uso de drogas, a crítica
ao mundo do modismo e do consumismo; até a virgindade leiloada via internet,
sim, os assuntos banais ou polêmicos vieram à tona. Entrou também em cena a voz
inconfundível de dois dos nossos políticos inesquecíveis: Roriz e Lula. “Como
nunca se viu antes na história desse País.” Nem na história desta escola,
imagino.
Registro,
por fim, a carta (que motivou esta), lida com emoção e graça pela boneca Lili,
vivida pela professora Guta. O tema, claro, a droga. A droga personificada
dizia o que é capaz de fazer com o seu corpo em pouco tempo. E é no tempo que
quero me deter para finalizar. O tempo, diz um poeta, “não para no porto/ não
apita na curva/ não espera ninguém...” Nós é que esperamos ou perdemos tempo
demais sem saber o que fazer, nem para onde ir. Por isso, jovens, não percam
tempo com as drogas. Ganhem mais com a vida!
Carinhosamente,
Professora Cleide